Vícios de vinil

Thursday, May 24, 2007

O sentido estético da música



Hope there's someone
My lady story
For today I am a boy
Man is the baby
You are my sister
What can I do
Fistfull of love
Spiralling
Free at last
Bird guhl


A primeira vez e a primeira que ouvi foi The Atrocities, do álbum Antony and the Johnsons (1998). O tom melancólico e épico não me agradou à primeira. Talvez porque não é, de facto, a melhor faixa do album, mas também porque o ouvi num Verão, quente, no Brasil. O ambiente não era de todo adequado.

Para se ouvir a primeira vez, Antony é uma questão de mood.

Depois torna-se um problema de must hear.

Ouvi Antony and the Johnsons em repeat sem nunca dizer chega. A voz inconfundível de Antony - normalmente comparada à de Nina Simone - viciou-me logo no primeiro álbum, mas tirou-me o folego quando ouvi pela primeira vez Hope There's Someone do álbum I'm a bird now.

I'm a bird now, é Antony. É certo que se fez rodear de Boy George, Rufus Wainwright (What Can I Do?), Devendra Banhart e Lou Reed (Fistful of Love). Mas é um registo que causa calafrios pela intimidade que o percorre. É a alma de Antony que conhecemos. Desde a androginia em My lady story, For today I am a boy ou You are my sister, aos desejos em Hope There's Someone ou What Can I Do?, às suas dúvidas e tristezas.

Antony sussura-te a beleza ao ouvido e faz com que te entregues ao teu íntimo e às emoções, que percorras todo o teu innerself, deixando tudo mais para trás.

É o album de todas as sensações. E não há como lhe resistir.

No comments: